Há algo bem errado em uma cultura organizacional quando o colaborador descobre que “não serve mais” para o time no momento da demissão, e não antes.
Mais errado ainda quando essa decisão chega sem qualquer feedback prévio, sem diálogo, sem chance de entender, argumentar, corrigir, ou evoluir.
Em tempos em que tanto se fala sobre “cultura de aprendizado”, “comunicação humanizada” e “liderança empática”, o que vemos, muitas vezes, é o contrário: líderes que se escondem atrás do silêncio.
Feedback não é um agrado: é ferramenta de gestão!
Dar feedback não é opcional. É parte essencial do papel de quem lidera. Feedback positivo reconhece, motiva e reforça comportamentos desejados. Feedback construtivo, não “negativo” orienta, corrige o rumo e abre espaço para crescimento.
Mas o ponto central é: o feedback sempre precisa existir!
Uma liderança que evita dar retorno, seja por desconforto, falta de preparo, ou por achar “melhor deixar quieto”, abdica da sua função mais básica: guiar pessoas.
E, sem feedback temos o erro mais comum, a demissão sem conversa.
Imagine a cena: "Um funcionário com um mês e meio de casa, ainda se ambientando, aprendendo processos e ferramentas novas, comprometido, ficando até mais tarde junto à equipe, entregando com excelência o que domina e se esforçando para aprender o que não domina. Reconhecido pelos colegas, elogiado nos bastidores… mas nunca chamado para conversar com a liderança". E então, do nada, vem a demissão! Sem justificativa clara. Sem feedback anterior. Sem contexto.
Isso não é gestão! Isso é omissão travestida de liderança.
Quando alguém é desligado sem jamais ter recebido um feedback, a mensagem que fica é simples: Você nem teve chance de fazer diferente!
E isso destrói não apenas a confiança do profissional, mas também a credibilidade da liderança e a cultura da empresa. O silêncio gera insegurança. Insegurança gera medo.
E medo é o oposto do ambiente criativo e colaborativo de qualquer empresa. Então, dê feedbacks constantes, não só quando há problema. Reconhecer o que está indo bem é tão importante quanto apontar o que precisa melhorar.
Seja específico. Diga: “Você precisa melhorar sua postura em relação a isso!” Mas, também crie espaço de resposta. Feedback é diálogo, não sentença. O colaborador precisa se explicar, refletir, propor soluções.
E, um ponto importante, depois de uma conversa, dê tempo para mudança. Ninguém melhora da noite para o dia. Feedback sem acompanhamento é só descarga emocional.
Então, tome decisões com base em atitudes observadas após o feedback. E aí, depois de orientar, acompanhar e avaliar é que uma decisão de desligamento se torna justa e coerente.
Liderar é ter coragem de conversar!
Demissões podem ser necessárias. Fazem parte da realidade. Mas demitir sem feedback é, antes de tudo, um fracasso de liderança.
No fim das contas… Dar feedback não é sobre apontar erros, é sobre abrir caminho para o acerto. E ouvir feedback não é sobre defesa, é sobre amadurecimento profissional.
O que falta, em muitas empresas, não é talento, é coragem de conversar. Enquanto o medo e o silêncio forem as principais ferramentas de gestão, nenhuma cultura será realmente saudável.
E nenhuma liderança será, de fato, liderança!
Escrita or Angely Biffi
12/11/2025
