Adotar uma opção difícil de tomar, mas uma atitude bonita e corajosa para quem proporciona uma família a uma criança.
De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), no Brasil existem 26.138 pretendentes aptos para adotar, enquanto que 4.364 crianças e adolescentes estão disponíveis – seja porque foram destituídos do convívio familiar, seja por terem sido entregue pelos pais ou, ainda, por serem órfãos. Mas a realidade das 600 instituições no País mostra que há ainda um número alto de jovens a espera de um lar. Em muitos casos, a demora para adotar se reflete no perfil exigido de quem fez essa opção. Talvez, por preconceito ou por hábito, a maioria ainda deseja crianças brancas, do sexo feminino e idade de até 18 meses, ao contrário da realidade que se encontra nos abrigos: crianças pardas, maiores de dois anos, muitas vezes com irmãos.
Outro ponto que dificulta a adoção é que muitas das crianças que vivem em entidades assistenciais não estão livres para serem encaminhadas a uma nova família. Segundo pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) apenas 10% das crianças nos abrigos podem ser adotadas, pois a maioria continua a ter algum tipo de vínculo familiar. A maioria deles foram vítimas de maus tratos, negligência ou porque seus parentes não tinham condições materiais de criá-los.
Para Haércio Suguimoto, presidente do Lar Escola Cairbar Schutel, as 60 crianças e adolescentes da entidade só são disponibilizadas a adoção quando se esgota todas as possibilidades de retorno ao convívio com a família de origem. “O principal objetivo da entidade é criar condições para que o núcleo familiar original das crianças se equilibre e volte a ter condições de recebê-las novamente ou, não sendo possível, prepará-las para se adaptar a uma família substituta, sempre sob a supervisão das Varas da Infância e da Adolescência de São Paulo”.
Edson Parra Nani Filho e sua esposa, Roseline Altero Parra, conhecem bem o processo de adoção. Pais de Julia e Pedro decidiram adotar as crianças, pois possuíam dificuldades para engravidar. A opção de adoção veio de forma natural para o casal, porque para eles o sonho de ter filhos era maior que a forma que isso seria realizada.
Edson e Roseline adotaram os dois filhos de forma regular e com tranquilidade, sendo que um chegou para eles com apenas 5 dias de vida e o outro com 2 meses. “Quem quer adotar não pode especificar o tipo da criança. Quem opta por essa ação pensa apenas em amar esse novo ser humano que foi colocado em seu caminho”, afirma Edson Filho.
“A nossa vida mudou completamente depois que adotamos nossos filhos. A vida fica mais feliz para ser vivida”, diz o paizão. “Aqueles que não adotam por medo, acham que não vão amar a criança porque não foi gerada pelo próprio casal ou porque filhos concebidos dessa forma irão dar problemas. Essas pessoas não sabem o que estão falando e o que perdem por não realizarem a adoção. Pois quem ama, ama de qualquer forma e problemas existem para todos os pais que possuem filhos biológicos ou adotivos”, finaliza.
Edson Parra Nani Filho além de ter adotado duas crianças, também realiza trabalho voluntário como dentista, que é sua profissão, no Lar Escola Cairbar Schutel.
Números sobre adoção:
Filhos
47% dos filhos adotivos não têm nenhuma informação sobre sua origem;
37% receberam poucas e vagas informações: de que cidade vieram, se seus pais biológicos estão vivos ou não;
62% não têm informações de seus pais biológicos;
58% não conhecem ou não gostariam de conhecê-los;
10% nutrem um sentimento positivo sobre a família biológica;
35% conheceram ou gostariam de conhecer pessoalmente seus pais biológicos;
60% são meninas;
69% eram recém-nascidos na época da adoção;
69% sempre souberam que eram adotivos.
Pais
91% estavam casados na época da adoção;
55% não podiam ter filhos;
45% já tinham filhos biológicos;
40% têm curso superior completo;
50% recebem mais de 1.500 reais por mês.
Escrita por Angely Biffi e Marcia Brandão
Link Comunicação
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