Por
Angely Biffi e Patrícia Biffi
Patrícia Cecy Biffi
Mini Currículo: Pedagoga. Cursando Mestrado em Educação Arte e História da Cultura; Pós Graduação em Gestão Estratégica de RH. Experiência de 3 anos, atuando com EJA. Ministrando aulas no ensino fundamental I. Elaborando atividades, apostilas e planejamentos pedagógicos. 6 anos atuando na área de treinamento de pessoas e estágios em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação Especial.
Angely Biffi e Patrícia Biffi
Capítulo 2 do livro: Sobre educação e tecnologia: conceitos e aprendizagem.
Para ver o livro completo, acesse o site: http://www.pimentacultural.com/#!sobre-educacao-e-tecnologia-volume1/c2373
Angely Maíra Biffi de Holanda
Mini Currículo: Jornalista. Pós-graduada em Comunicação Executiva e Eventos e Pós-graduada em Docência do Ensino Superior. Experiência profissional como Assessora de Comunicação Interna e Eventos; Assessora de Imprensa; Redatora e Professora/ Consultora de cursos online.
Mini Currículo: Jornalista. Pós-graduada em Comunicação Executiva e Eventos e Pós-graduada em Docência do Ensino Superior. Experiência profissional como Assessora de Comunicação Interna e Eventos; Assessora de Imprensa; Redatora e Professora/ Consultora de cursos online.
Mini Currículo: Pedagoga. Cursando Mestrado em Educação Arte e História da Cultura; Pós Graduação em Gestão Estratégica de RH. Experiência de 3 anos, atuando com EJA. Ministrando aulas no ensino fundamental I. Elaborando atividades, apostilas e planejamentos pedagógicos. 6 anos atuando na área de treinamento de pessoas e estágios em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação Especial.
A EVOLUÇÃO
DA EAD NO BRASIL
A utilização do método
de educação a distância no Brasil é bem recente (se comparado com o uso em
outros países, como Estados Unidos, que teve início em 1728 e Suécia, em 1829),
em virtude da própria história do desenvolvimento brasileiro.
O Brasil foi descoberto
em 1500 e tornou-se colônia de exploração portuguesa. Portugal enviou ao
Brasil, colonizadores com o intuito de retirar as riquezas naturais que o país
possuía. Chegando aqui, encontraram moradores nativos, os índios. Para a
extração (inicialmente do pau-brasil, depois de minérios) e para o trabalho na
lavoura, trouxeram os escravos negros. Da mistura destes 03 grupos étnicos
distintos é que surgiu o povo brasileiro. Com a abolição da escravatura, a
imigração de espanhóis, italianos, alemães e japoneses teve início, para
substituir o trabalho escravo, diversificando ainda mais a miscigenação
brasileira.
Durante o período
colonial e imperial houve grande crescimento demográfico, quer seja em virtude
do tráfico de escravos, quer seja pela imigração ou mesmo pelo aumento da taxa
de natalidade dos nascidos no Brasil.
O foco do trabalho
desses habitantes era a produção agrícola e, a partir do início do século XIX,
intensificou-se ainda mais com a expansão da produção cafeeira.
Não havia no Brasil
grande preocupação com a educação. No início da colonização, foram instalados
alguns colégios religiosos, com destaque aos dos padres jesuítas, que tinham
por objetivo a conversão dos índios e ensinar latim aos filhos dos
colonizadores. O ensino tornou-se elitizado, restrito apenas à quem poderia
pagar.
Durante o Brasil
Império, e com o aumento da densidade demográfica, houve a necessidade de
formação de profissionais para suprir a demanda local, mas essa preparação
ficou restrita às oficinas dos artesãos, que ensinavam a seus aprendizes. Neste
período também foi instituída a escola Normal, de responsabilidade estatal, que
estava voltada apenas à alfabetização.
Somente após a
proclamação da República é que houve uma maior preocupação com a educação no
Brasil, surgindo à responsabilidade do Estado de garantir educação pública e
gratuita para todos (direito assegurado na Constituição de 1891), mas mesmo
assim, a obrigação era assegurar o ensino básico. Cynthia G. Veiga afirma que
"é no regime republicano que a escolarização no Brasil se consolida,
atinge parte das camadas populares e se afirma como vetor de homogeneização
cultural da nação" (2011, p. 238).
O ensino médio só foi
regulamentado em 1942 pela Lei Orgânica do Ensino Secundário - Decreto-lei
4244/42; em 1961 ele foi estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), mas
somente na LDB de 1996 (Lei 9.394), tornou-se obrigatório ao Estado a
disponibilização a todos.
As instituições de
ensino superior brasileiras só foram fundadas a partir de 1900, sendo a
primeira a funcionar, a Escola Universitária Livre de Manaus, em 1909.
Mesmo assim, essas instituições existiam apenas em poucas cidades (como São
Paulo, Rio de Janeiro e Paraná) e ministravam poucos cursos (por exemplo,
medicina, direito, engenharia). O ensino superior ainda hoje não é obrigatório
no Brasil, a LDB de 1996, apenas prevê no art. 4 º, V, garantia de: "V -
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um".
Com o desenvolvimento
dos meios de comunicação, a informação passou a estar disponível em tempo real
para todos. O surgimento da internet contribuiu para incrementar os negócios
das organizações, pois quebrou barreiras comerciais, possibilitando o contato
com clientes em qualquer lugar do mundo. De outro lado, aumentou ainda mais o
mercado competitivo, que antes poderia ser reduzido ao âmbito local, passou a
ser mundial. O novo cenário competitivo exigiu das empresas grandes mudanças internas para conseguir uma fatia do
mercado. Essas mudanças estão relacionadas à forma de tratamento dos clientes,
à maneira de gerenciamento das atividades e principalmente à inovação e à
criação de novos produtos e serviços. Para atender às novas expectativas, as
empresas passaram a exigir também cada vez mais dos seus empregados, que agora
devem buscar seu desenvolvimento pessoal de forma contínua, procurando sempre
aprender coisas novas, muitas vezes num curto espaço de tempo. As especializações
estão cada vez mais necessárias, fazendo com que as pessoas se tornem
multidisciplinares, flexíveis e ágeis. O ensino a distância teve um grande
salto diante dessa nova necessidade humana, pois possibilitou o acesso à
educação e à formação profissional, a um grande número de pessoas, que
provavelmente não conseguiriam se aperfeiçoar pelos métodos de ensino
tradicionais.
REGULAMENTAÇÃO DA EAD
A educação a distância, em
sua forma embrionária e empírica, é conhecida desde o século XIX. Entretanto,
somente nas últimas décadas passou a fazer parte das atenções pedagógicas. Ela
surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas
que, por vários motivos, não podiam frequentar uma instituição de ensino
presencial, e evoluiu com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico,
as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade.
“A
educação a distância garante maior eficácia na medida em que se desenvolve
junto àqueles que já têm melhor nível educacional. Isso reforça as formas
tradicionais de educação baseadas na palavra impressa e nas atividades
presenciais”. (Walter E. Garcia apud
NISKIER, 1999, pág. 77)
Discussão da Legislação Nacional de EAD
Legislação até 1998 - Artigo 80 da Lei
9394/96
Pelo artigo 80 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Poder Público incentiva qualquer
forma de ensino a distância, devendo ser realizada por uma Instituição
credenciada pela União, a qual regulamenta os requisitos para elaboração de
exames e diplomas. Em relação às normas de produção, controle e avaliação
desses programas, os sistemas de ensino poderão contribuir com materiais
próprios para uma integração entre os sistemas.
Este artigo regulamenta que
o EAD se privilegiará de tratamento diferenciado, que incluirá custos de
transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e
imagens; concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; reserva
de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais
comerciais.
Ainda a mesma Lei, no seu
art. 32, §4º, regulamenta que todo ensino fundamental seja presencial, sendo o
ensino a distância utilizada como complemento de aprendizagem ou em situações
emergenciais. O art. 47, §3º, regulamenta a obrigatoriedade da frequência de
alunos e professores em qualquer modalidade de ensino, exceto nos programas de
educação a distância.
Decreto nº 2494, de 10 de
fevereiro de 1998
Regulamenta o art. 80 da
Lei 9.394/96, atribuindo normas quanto à elaboração, certificação, regulamentação,
oferta, credenciamento das Instituições, autorização, reconhecimento de cursos,
avaliação, padrões de qualidade, matrículas, transferências e aproveitamento de
créditos.
Cita ainda que os cursos de
educação a distância podem ser organizados em regime especial, com
flexibilidade de horários, duração e requisitos para admissão, porém sem
prejuízo dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas em nível nacional.
Decreto nº 2561, de 27 de
abril de 1998
O Decreto altera levemente
a redação dos artigos 11 e 12 do Decreto nº 2494, de 10 de fevereiro de 1998,
que regulamenta o disposto no art. 80 da Lei nº 9394, de 20 de dezembro de
1996.
Esses dois artigos delegam,
respectivamente, competência ao Ministro de Estado da Educação e do Desporto,
para promover o credenciamento das Instituições vinculadas ao sistema federal
de ensino e das instituições de educação profissional tecnológica e de ensino
superior dos demais sistemas; e às autoridades integrantes dos demais sistemas
de ensino para promover atos de credenciamento de Instituições para oferta de
cursos a distância dirigida à educação de jovens e adultos para o ensino médio
e educação profissional de nível técnico.
Os decretos 2.494 e 2.561
de 1998 foram revogados pelo Decreto 5.622, em vigência desde sua publicação em
20 de dezembro de 2005. No Decreto 5.622 ficou estabelecida a política de
garantia de qualidade no tocante aos variados aspectos ligados à modalidade de
educação a distância, notadamente ao credenciamento institucional, supervisão,
acompanhamento e avaliação, harmonizados com padrões de qualidade enunciados
pelo Ministério da Educação.
Portaria nº 301, de 7 de
abril de 1998
Esta portaria, do
Ministério da Educação e do Desporto, normatiza os procedimentos de
credenciamento de Instituições para a oferta de cursos de graduação e educação
profissional tecnológica a distância.
A Instituição de ensino interessada em credenciar-se para oferecer
cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distância deverá
apresentar solicitação ao Ministério da Educação e do Desporto (MEC), a ser
protocolada no Protocolo Geral do MEC ou na Delegacia Regional do MEC (DEMEC)
do Estado.
O projeto deverá conter informações sobre a Instituição, experiência
anterior com cursos a distância, dados sobre o curso pretendido, descrição da
infraestrutura em função do projeto a ser desenvolvido, professores, descrição
do processo seletivo para o ingresso no curso e parcerias com outras
Instituições.
Após a apresentação do projeto, uma vez concluída a análise da
solicitação por uma comissão de credenciamento, esta elaborará relatório
detalhado, no qual recomendará ou não o credenciamento da Instituição.
Legislação após 1998
Código de Ética para Educação a Distância aprovado
pela ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância
Apesar de não ter
validade legal, o Código de Ética, aprovado em Assembleia Geral Ordinária da
Associação Brasileira de Educação a Distância, em 17 de agosto de 2000, traz
vinte e dois princípios que tratam de diretrizes a serem seguidas pelas
instituições, especificando padrões de qualidade que permitam a avaliação dos
cursos e a proteção dos interesses dos alunos.
Resolução
CNE/CES no. 1, de 3 de abril de 2001
Nesta resolução do
Presidente da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação são
estabelecidas normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação.
Em nível stricto
sensu serão autorizados, reconhecidos ou renovados de acordo com solicitações e
relatórios encaminhados à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), respeitando-se as normas e procedimentos de avaliação
estabelecidos para o Sistema Nacional de Pós-Graduação, havendo exigência de
que a defesa de dissertação ou de tese seja realizada na instituição
proponente.
Em nível lato sensu só
poderão ser oferecidos por instituições credenciadas pela União, conforme o
disposto no §1º do art. 80 da Lei 9394/96, devendo incluir, necessariamente,
provas presenciais e defesa presencial de monografia ou trabalho de conclusão
de curso. Incluem-se nessa categoria de cursos os designados como MBA (Master
Business Administrator) ou equivalente.
De acordo com Perrotti,
2003 o início da experiência com cursos não presencias está longe, distante... Começa
em fins da década de 70 com o convite para renovar a linguagem dos cursos de
correspondência ministrados por um instituto de ensino já com grande tradição
na época com mais de três décadas de existência e alunos espalhados por
praticamente todo território nacional e por muitos países da língua portuguesa.
Para
Catapan, 2011 a Educação a Distância tem se revelado um agente de inovação
tecnológica nos processos de ensino-aprendizagem, fomentando a incorporação das
Tecnologias de Informação e Comunicação Digital (TCD) e promovendo de fato a inclusão
social.
Além
disso, promove a pesquisa e o desenvolvimento voltados para a introdução de
novos conceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras.
Acredita-se que o sistema de Educação a
Distância é uma oportunidade a mais para a escolarização da população
brasileira e pode ser tão ou mais qualificado que o sistema presencial.
(CATAPAN, 2011, p. 319).
A ampliação de foco que o sistema de
Educação a Distância provoca, considerando a cultura da tecnologia da
comunicação digital, que estende a possibilidade de acesso ao conhecimento e
aos processos educativos formais a um número cada vez maior de cidadãos, faz
com que se reconheça esse sistema como oportunidade cada vez mais significativa
no enfrentamento não só da defasagem de formação de professores, mas como
também na formação de diversas pessoas espalhadas pelos diversos estados do
país.
As novas
tecnologias de comunicação e a crescente acessibilidade aos multimeios
interativos alargam amplamente as possibilidades da Educação à Distância, promovendo
uma efetiva democratização do acesso à informação, à cultura e ao ensino
programado. (NISKIER, 1999, p. 87).
Entende-se que
num curso a distancia, na modalidade on line, exige-se grande dose de
autodisciplina por parte dos alunos e cobrança constante do professor que
realizem as tarefas.
Perrotti, 2003
ainda enfatiza que para um curso a distancia, não se pode abrir mão de:
1º Atividade
Programada: significa que o aluno, deve saber com antecedência as atividades
que serão realizadas no decorrer do curso, a exemplo disso são seus objetivos,
prazo de entrega de atividades, possibilidades de interação com o professor e
com os demais alunos matriculados no curso.
2º Troca de
Experiências: situação esta, onde os alunos além de interagir com os professores
do curso, possam também ter contato com os demais alunos matriculados, através
de chats e fóruns de discussões, mediados pelos professores.
3º Estimulo a
atividade de escrever e reescrever: importante, pois é através da escrita e
leitura que comunica-se através de um curso on line. Portanto, o ato de
reescrever textos, onde os professores e colegas já puderam dar seus pontos de
vista, enriquece cada vez mais o repertorio do autor.
4º Turmas
pequenas: o curso se torna mais rico e melhor aproveitado por todos os
envolvidos, quando o numero de alunos matriculados não ultrapassa 25 pessoas.
Desta maneira a interação com o professor e com os demais alunos torna-se mais
produtivo e dinâmico para o próprio curso.
5º Prazos Preestabelecidos:
é necessário que o aluno tenha organização com os prazos estipulados e que
consiga se organizar e administrar o seu tempo de acordo com a sua rotina extra
curricular.
Moran, 2013 enfatiza que com as tecnologias atuais, a
escola pode transformar-se em um conjunto de espaços ricos de aprendizagens
significativas, presenciais e digitais, que motivem os alunos a aprender
ativamente, a pesquisar o tempo todo, a serem proativos, a saber tomar
iniciativas e interagir.
As tecnologias digitais facilitam a pesquisa, a comunicação e
a divulgação em rede. Temos as tecnologias mais organizadas, como os ambientes
virtuais de aprendizagem – a exemplo do Moodle e semelhantes -, que permitem
que tenhamos certo controle de quem acessa o ambiente e do que é preciso fazer
em cada etapa de cada curso. Além desses ambientes mais formais, há um conjunto
de tecnologias, que denominamos popularmente de 2.0, mais abertas, fáceis de
gratuitas (blogs, podcasts, wikis
etc.), em que os alunos podem ser os protagonistas de seus processos de
aprendizagem, e que facilitam a aprendizagem horizontal, isto é, dos alunos
entre si, das pessoas em rede de interesse etc. a combinação dos ambientes mais
formais com os mais informais, é feita de forma integrada, permite-nos a
necessária organização dos processos com a flexibilidade da adaptação a cada
aluno. (MORAN, 2013 p.31)
Com a
educação à distância (EAD) podemos alcançar e principalmente igualar a educação
em todas as regiões brasileiras, pois a EaD é a ferramenta ideal para
utilizarmos em um cenário como o brasileiro, onde existem ainda locais
desfavorecidos de construções institucionais de educação, pois segundo Niskier,
1999, existe uma enorme percentagem de alunos que não tem acesso à escola; os
altos índices de evasão e repetência em todo o país, sobretudo nas zonas
rurais; a interação possível do ensino, sem a pretensão de substituir o chamado
processo regular e presencial da educação; a possibilidade de formação ou
aperfeiçoamento do educador sem retirá-lo do sistema; a necessidade de
preparação de mão de obra qualificada, e outras mais.
Para Garcia, a educação à distância garante maior eficácia na medida em que se
desenvolve junto àqueles que já têm melhor nível educacional. Isso reforça as
formas tradicionais de educação baseadas na palavra impressa e nas atividades
presenciais.
O sistema de Educação a Distância é uma
oportunidade a mais para a escolarização da população brasileira e pode ser tão
ou mais qualificado que o sistema presencial.
“A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, ao estabelecer que o Poder Público incentivará o
desenvolvimento de programas de EAD, em todos os níveis e modalidades de
ensino, introduziu uma abertura de grande alcance para a política educacional.
Os desafios educacionais existentes podem ter, na Educação, um meio auxiliar de
indiscutível eficácia no processo de universalização e democratização do
ensino, especialmente no Brasil, onde os déficits educacionais e as
desigualdades regionais são tão elevados. Além do mais, os programas
educacionais podem desempenhar um papel inestimável no desenvolvimento cultural
da população geral”.
De acordo
com Sartori (2005), os professores possuem algumas preocupações e desafios
nesse novo universo da docência em EaD, podemos destacar alguns pontos
como:
1) Os professores se preocupam em
relacionar os conteúdos e as atividades com a atualidade e com a futura área de
atuação dos alunos;
2) Um dos dilemas que os docentes
em EaD enfrentam, é a questão da autonomia, os alunos precisam ter essa
autonomia para o seu bom desenvolvimento no decorrer do curso. Notamos que os
alunos que cursam EaD ainda possuem pouca iniciativa, devido aos hábitos
herdados do ensino presencial. Os professores/ tutores do EaD necessitam
instigar a participação dos alunos durante as aulas e fazer com que eles tenham
mais interesse em pesquisar, em correr atrás do conteúdo;
3) Os professores ainda não estão
preparados para lidar com o ensino em EaD, pois a cultura do ensino presencial,
está fixada tanto no professor, quanto no aluno, que usam como referência, as
aulas presenciais, para ter aula em EaD. E ambos, professores e alunos,
precisam ter uma postura diferenciada, para uma melhor gestão das aulas e da
aprendizagem.
Um dos desafios atuais da EaD é
construir um base pedagógica em que o aluno sinta-se participante, “vivo” no
processo, mesmo não vendo os outros colegas e o espaço demarcado fisicamente;
mesmo não tendo um horário fixo, predeterminado, sinta-se impelido a aprender
de forma interativa e compartilhada.
Apontaremos a seguir alguns pontos positivos e alguns pontos negativos
desta modalidade de ensino e aprendizagem.
Pontos Positivos:
Para Niskier, a educação à distância
apresenta também as seguintes condições:
·
Possibilidades de compartilhar
conhecimentos e habilidades pela utilização do saber organizado racionalmente;
·
Facilitação da comunicação entre o
aprendiz-aluno e o centro emissor das informações;
·
Independência da ação presencial e
permanente do professor;
·
Adequação das estratégias à realidade
geografia, cultural e social da população-alvo.
Dentre os principais pontos
negativos, segundo Niskier estão:
·
No Brasil, existe uma grande
resistência ao ensino à distância, especialmente por medo de ser estabelecida
uma dependência aluno/máquina.
·
Alguns educadores temem que outro processo
de educação seja um meio de substituição do professor e talvez, por isso, o
ensino através do computador, por exemplo, passe por um processo de
esvaziamento ou de falta de confiança em seus resultados.
·
Pedagogicamente, receia-se que a
metodologia da educação à distância não alcance seus objetivos quanto à
eficácia.
·
A maior desvantagem do ensino à
distância é impedir o relacionamento humano entre o professor e o aluno dentro
de uma sala de aula, com isso muito se pode perder, pois o aluno não sofre a
influência do carisma do professor, e sem essa relação de empatia o aluno pode
perder uma motivação que daí poderia advir.
·
Outra desvantagem está no fato de não
se poder gerir tão bem as reações imprevistas e imediatas. Muitos cursos não
são suficientemente flexíveis, uma vez que não incluem os imprevistos da
disciplina, dificuldades na compreensão e reação dos alunos que tem capacidades
diferentes de aprendizagens. Por outro lado, não há espaço para espontaneidade.
·
Existe uma ausência de competição e o
compartilhamento de informação é limitada. Há também uma perda bastante
significativa do potencial de socialização que a escola regular possui.
·
A webcam ou microfone que não liga, a
internet que falha, as mensagens de erro Windows, etc. deve-se ter em conta que
o sucesso de um curso depende do equipamento disponível. Se o equipamento não
for adequado, o curso pode falhar. Em grande parte das vezes, os alunos que
possuem melhores equipamentos apresentam mais chances de sucesso.
Conclusão:
Apesar das relativamente poucas
realizações em educação à distância, é inegável que o Brasil possui know-how
técnico de alta qualidade na produção de programas de auto-instrução.
Niskier acredita que tudo leva a crer
que a educação à distância pode constituir-se numa ferramenta educacional
perfeitamente viável, dada a premência de solução que o problema educacional
exige.
A EaD caracteriza-se por ser um processo
composto por duas mediações: a mediação humana e a mediação tecnológica, unidas
uma a outra.
A mediação humana ocorre por meio do
professor, através do sistema de tutoria e a mediação tecnológica, através do
sistema de comunicação que está a serviço do primeiro para possibilitar a
mediação pedagógica.
A mediação pedagógica, decorrente da
concepção planejada entre estas duas mediações, é potencializada pela junção
digital que oferece acesso e portabilidade por meio de dispositivos de
comunicação cada vez mais integrados, velozes e potentes.
O ensino informalizado, por sua vez,
tem grandes perspectivas de ser um excelente meio instrucional, apesar do seu
alto custo e a relativa falta de experiência nesse terreno entre ao adeptos da
educação à distância.
Com tudo a tecnologia mesmo super
avançada, não substitui a interação e troca entre os professores e alunos, e
alunos e alunos, e as experiências e vivências não são sentidas da mesma
maneira quando se está em uma aula presencial e quando se tem uma aula por EaD.
Em contraponto, a facilidade de existir
aulas em EaD, possibilita que as pessoas interessadas administrem o seu tempo
da melhor maneira, pois não é necessário que o aluno se desloque e nem fique
preso a um horário rígido.
Dessa maneira, levamos a educação e o
aprendizado para diversos polos e lugares diferentes e não apenas em um único
lugar, que muitas vezes não é de fácil acesso a todos aqueles que têm interesse
em estudar.
Acreditamos que a educação à distância é positiva,
visto que o mundo corporativo, que visa o lucro e só investe no que tem
potencial de retorno, aceita bem essa modalidade de ensino. Assim, se o curso
for bem planejado, os resultados podem ser positivos.
Além disso, vivemos em um mundo em rápida
transformação, onde a tecnologia desempenha um papel fundamental e quem quiser
ser absorvido pelo mercado de trabalho tem que acompanhar essa tendência. Moran
nos diz que "quanto mais avançadas às tecnologias, mais a educação precisa
de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas".
Para fechar a discussão sobre ensino a distância,
podemos lembrar o pensamento de José Manuel Moran que menciona que para termos
uma educação á distancia eficaz, precisamos algo mais que tecnologia,
necessitamos de pessoas capazes e humanas para saber lidar com pessoas e
tecnologia conjuntamente:
Quanto mais avançadas às tecnologias, mais a
educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas. São muitas
informações, visões, novidades. A sociedade torna-se cada vez mais complexa,
pluralista, e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis. (MORAN,
2007, p. 56).
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Organizadora: Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin. – Florianópolis:
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MORAN, José
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http://textolivre.pro.br/blog/?p=251
acessado em 23/10/2015
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de Diretrizes e Bases de 1996. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.
Acesso em 03/0515.
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