Liana John: Especializou-se em Ciência e Meio ambiente. Escreve para a revista Brasileiros e para o blog Biodiversa e o especial Plantadores de Florestas, no site da National Geographic Brasil.
Essa entrevista foi realizada em 16.10.2007, na época Liana estava atuando como Editora Executiva Revista Terra da Gente.
1.
Quando começou a abordagem do meio ambiente no jornal o Estado de S. Paulo?
Como foi esse inicio?
Artigos eventuais sobre questões ambientais foram publicados desde o início do jornal, mas o esforço deliberado de incluir pautas ambientais no jornal surge nos anos 1960 e 1970. No início, os principais temas eram qualidade da água de abastecimento, acidentes ambientais (derramamentos de produtos químicos, erosão, deslizamentos associados a desmatamentos).
2. Quem foram os jornalistas pioneiros a cobrir o tema meio ambiente dentro do jornal?
Um dos primeiros jornalistas ambientais do Estadão, nem sempre lembrado, foi Rubens Rodrigues de Almeida, que bem depois, no final dos anos 1980 veio a criar o Jornal Verde. Célia Romano e Eliana Lucena também merecem destaque nas décadas de 1970 e 1980. No Jornal da Tarde, a preocupação com uma cobertura sistemática veio com Randau Marques, depois com Rodrigo Mesquita, um dos fundadores e primeiros presidentes da ONG Fundação SOS Mata Atlântica.
3. Quais eram as pautas mais elaboradas no início, na editoria do meio ambiente?
Qualidade da água, poluição urbana, desmatamento, degradação ambiental no litoral paulista.
4. Com a entrada da editoria meio ambiente no jornal Estado de S.Paulo, houve alguma mudança no veículo como um todo?
O Estadão, como a maioria dos jornais brasileiros, passou por período alternados com e sem editoria fixa de meio ambiente. Em geral, o espaço dedicado aos temas ambientais fica na Editoria de Geral e compete com saúde, educação, comportamento e ciência. Mas se publica meio ambiente também nas editorias de Brasil, Internacional e Economia. O fato de ter uma página com o título relacionado a meio ambiente só fixa uma data semanal para pautas mais frias. No mais, meio ambiente segue como sempre foi: um tema trabalhado diariamente por alguns jornalistas pessoalmente interessados (não raro, sobrecarregados) e eventualmente abordado por jornalistas de outras editorias.
5. Qual era a expectativa, a visão dos jornalistas que cobriam meio ambiente no começo dessa trajetória?
No início, não sei, seria uma pergunta para o Rubens Rodrigues de Almeida, mas ele já faleceu. A partir do final dos anos 1980, era abrir mais espaço para os temas ambientais e aproximar a cobertura da editoria de Ciência e Tecnologia.
6. Como você analisa, compara a questão ambiental abordada no seu início e atualmente.
Hoje há uma multiplicidade maior de temas, o tabu é menor, o preconceito dentro da própria redação é menor. No início era quase um sacerdócio de alguns. Hoje é um tema reconhecido como importante, embora ainda não tenha o status de política e economia.
7. Hoje os jornalistas estão mais preparados para lidar com esse assunto?
Não necessariamente, ainda falta especialização, falta investimento na formação do jornalista especializado, falta reciclagem.
8. O jornal o Estado de S. Paulo hoje é um dos veículos que mais aborda a questão ambiental, ele sempre teve essa preocupação?
Sim, sobretudo por ser esta uma preocupação de diversos membros da família Mesquita. Mas cuidado com a generalização. O jornal não é uma entidade com pensamento próprio e unificado. É um veículo feito por jornalistas, que são pessoas diversas, com opiniões diversas.
9. Teve algum acontecimento, alguma reportagem sobre meio ambiente, que marcou o Estadão, seja pelo lado positivo ou negativo?
Sim, várias. A série contra a instalação de usinas nuclearesem São Paulo ; as
reportagens contra a degradação da Mata Atlântica no litoral paulista; a s[erie
contra a poluição em Cubatão; as reportagens sobre a Grande Reserva do Pontal
do Paranapanema, no extremo oeste paulista; a série sobre queimadas na
AmazÔnia, no final dos anos 198o, usada como alerta por ambientalistas em Haia,
na Holanda, durante o julgamento de crimes ambientais como crimes contra a
Humanidade.
10. O que foi mais difícil no começo do tratamento do tema ambientalismo na mídia, a relação com os próprios profissionais ou com o público?
Os jornalistas das editorias mais ‘nobres’ sempre trataram as pautas ambientais com desdém. Isso ainda não mudou totalmente, embora muitos tenham sido obrigados a admitir a cessão de mais espaço para o tema, por estar na ordem do dia. O público precisou e precisa sempre ser educado e esse é um trabalho de muita paciência e persistência. A resposta à questão é ambos.
Artigos eventuais sobre questões ambientais foram publicados desde o início do jornal, mas o esforço deliberado de incluir pautas ambientais no jornal surge nos anos 1960 e 1970. No início, os principais temas eram qualidade da água de abastecimento, acidentes ambientais (derramamentos de produtos químicos, erosão, deslizamentos associados a desmatamentos).
2. Quem foram os jornalistas pioneiros a cobrir o tema meio ambiente dentro do jornal?
Um dos primeiros jornalistas ambientais do Estadão, nem sempre lembrado, foi Rubens Rodrigues de Almeida, que bem depois, no final dos anos 1980 veio a criar o Jornal Verde. Célia Romano e Eliana Lucena também merecem destaque nas décadas de 1970 e 1980. No Jornal da Tarde, a preocupação com uma cobertura sistemática veio com Randau Marques, depois com Rodrigo Mesquita, um dos fundadores e primeiros presidentes da ONG Fundação SOS Mata Atlântica.
3. Quais eram as pautas mais elaboradas no início, na editoria do meio ambiente?
Qualidade da água, poluição urbana, desmatamento, degradação ambiental no litoral paulista.
4. Com a entrada da editoria meio ambiente no jornal Estado de S.Paulo, houve alguma mudança no veículo como um todo?
O Estadão, como a maioria dos jornais brasileiros, passou por período alternados com e sem editoria fixa de meio ambiente. Em geral, o espaço dedicado aos temas ambientais fica na Editoria de Geral e compete com saúde, educação, comportamento e ciência. Mas se publica meio ambiente também nas editorias de Brasil, Internacional e Economia. O fato de ter uma página com o título relacionado a meio ambiente só fixa uma data semanal para pautas mais frias. No mais, meio ambiente segue como sempre foi: um tema trabalhado diariamente por alguns jornalistas pessoalmente interessados (não raro, sobrecarregados) e eventualmente abordado por jornalistas de outras editorias.
5. Qual era a expectativa, a visão dos jornalistas que cobriam meio ambiente no começo dessa trajetória?
No início, não sei, seria uma pergunta para o Rubens Rodrigues de Almeida, mas ele já faleceu. A partir do final dos anos 1980, era abrir mais espaço para os temas ambientais e aproximar a cobertura da editoria de Ciência e Tecnologia.
6. Como você analisa, compara a questão ambiental abordada no seu início e atualmente.
Hoje há uma multiplicidade maior de temas, o tabu é menor, o preconceito dentro da própria redação é menor. No início era quase um sacerdócio de alguns. Hoje é um tema reconhecido como importante, embora ainda não tenha o status de política e economia.
7. Hoje os jornalistas estão mais preparados para lidar com esse assunto?
Não necessariamente, ainda falta especialização, falta investimento na formação do jornalista especializado, falta reciclagem.
8. O jornal o Estado de S. Paulo hoje é um dos veículos que mais aborda a questão ambiental, ele sempre teve essa preocupação?
Sim, sobretudo por ser esta uma preocupação de diversos membros da família Mesquita. Mas cuidado com a generalização. O jornal não é uma entidade com pensamento próprio e unificado. É um veículo feito por jornalistas, que são pessoas diversas, com opiniões diversas.
9. Teve algum acontecimento, alguma reportagem sobre meio ambiente, que marcou o Estadão, seja pelo lado positivo ou negativo?
Sim, várias. A série contra a instalação de usinas nucleares
10. O que foi mais difícil no começo do tratamento do tema ambientalismo na mídia, a relação com os próprios profissionais ou com o público?
Os jornalistas das editorias mais ‘nobres’ sempre trataram as pautas ambientais com desdém. Isso ainda não mudou totalmente, embora muitos tenham sido obrigados a admitir a cessão de mais espaço para o tema, por estar na ordem do dia. O público precisou e precisa sempre ser educado e esse é um trabalho de muita paciência e persistência. A resposta à questão é ambos.
Por Angely Biffi
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