Vamos refletir sobre o papel e as
competências do professor no processo de mediação da aprendizagem entre ele e
seus alunos, para isso, vamos analisar como o professor constrói esse processo
de conhecimento conjunto e também como se mantém atualizado no dia a dia da
sala de aula, utilizando novos recursos tecnológicos de maneira criativa para
aprimorar suas técnicas de ensino, tudo isso para buscar a construção coletiva
do conhecimento.
Para exemplificar, e nos ajudar a
entender sobre construção conjunta de conhecimento, podemos ter como base a
teoria do autor Garcez (2012), ele observa que a noção de construção conjunta
de conhecimento: 1) inicialmente se opõe à reprodução de conhecimento; 2) logo
se associa à participação e aprendizagem; 3) finalmente se aproxima e se
distingue de cognição/conhecimento socialmente compartilhada/o.
Garcez (2012) afirma que a
proposta é que ao construir o conhecimento em sala de aula o aluno não
reproduz, mas cria um conhecimento que fomenta nele um espírito crítico e
cidadão.
Levando em conta o pensamento de
Garcez (2012), não adianta o professor apresentar uma aula e não ocorrer
interação dos alunos com questionamentos, sejam dúvidas ou perguntas com
aprofundamento do assunto, pois se o professor expõe um material em sala de
aula e não há interação é como se os alunos, não quisessem saber do assunto, ou
simplesmente não entenderam o que foi apresentado, e apesar de não terem
entendido, não querem passar essa impressão ao seu tutor, sendo assim fingem compreensão
sobre o tema, mas não buscam mais informações,
dessa maneira, notamos que não houve uma aprendizagem, nem uma troca de
conhecimento e muito menos uma construção conjunta de conhecimento.
Podemos concluir que os alunos
apenas reproduziram o que o docente mencionou em aula, mas não criou-se um
pensamento crítico, não houve troca ideias. Este exemplo de ensinamento se
encaixa muito em padrões de ensino de outras épocas, onde os alunos recebiam
informações e não questionavam e muito menos acrescentavam conhecimento em sala
de aula, no entanto, hoje em dia, esse modelo de ensino não se aplica mais,
pois professor e aluno estão a todo o momento trocando conteúdo e informação, o
estudante dos dias atuais, não fica parado esperando apenas receber informação,
ele interage, ele argumenta e questiona o tempo todo, o docente atual, precisa
estar preparado para essa evolução, para saber interagir com o seu aluno e,
mais saber interagir dentro e fora da sala de aula. Sendo assim, não basta o
professor ser um excelente teórico, ele precisa se atualizar e acompanhar as
mudanças educacionais e tecnológicas, para garantir que sua aula seja atraente
e com conhecimentos atuais e dinâmicos para seus alunos.
Como ressalta Brandão (2002, p.
40), onde cita que “quem ensina é aquele que abre portas e janelas em múltiplas
direções... ou declara a seus alunos que o saber está incompleto, inacabado.
Que também está aprendendo enquanto ensina e que o diálogo em sala de aula deve
estar sempre criando e renovando”. Com essa declaração de Brandão (2002), fica
mais evidente que o professor moderno precisa estar disposto a interagir com
seu aluno, pois o estudante do século XXI continua querendo aprender com seus
mestres, porém, eles são mais independentes, conseguem informações no mundo
virtual, sendo assim, eles também estão prontos para manifestar seus pontos de
vistas e contribuir com o conteúdo da aula.
Com todas essas mudanças
tecnológicas e de perfis estudantis, o professor precisa se atualizar
constantemente, é impossível ministrar uma aula nos dias de hoje, com as mesmas
características de uma aula que era apresentada há 20 anos, o conteúdo até pode
ser o mesmo, mas o professor vai precisar adequar sua forma de apresentação,
usar novas ferramentas e até mesmo mudar seu discurso, pois como já
mencionamos, os estudantes estão mais exigentes e não aceitam mais um professor
que apenas repasse os conhecimentos que estão nos livros, os alunos buscam um
professor com um conteúdo rico, um professor atualizado, que acrescente mais
que uma pesquisa que fizeram em uma página na internet.
Em relação à atualização do
professor, ressaltamos essa importância no decorrer do texto, pois é
fundamental essa educação continuada na vida de um docente, no entanto,
precisamos destacar como e onde o professor consegue essa atualização constante
para o seu trabalho. Alguns mecanismos para essa atualização pode vir de cursos
extracurriculares, leituras de artigos científicos, participações em congressos
referentes a novas fórmulas de educação, em fim, são diversas as maneiras para
que ocorra uma atualização diária, porém, um ponto importante para essa busca
de atualização do professor é a própria instituição onde ele leciona oferecer
apoio e recursos para essa educação continuada, pois o professor também precisa
de uma base para se sentir seguro e confortável, e se essa iniciativa de
atualização partir da sua instituição de ensino com certeza, o professor se
sentirá coberto e confiante na busca desse aperfeiçoamento.
Não podemos esquecer que a orientação
dada pelo professor é o que caracteriza o ensino, conceituado por Saint-Onge
(1999) como sendo “a organização de métodos de intervenção que permitam ao
aluno construir seu saber com base no modelo do saber das diversas disciplinas
escolares”, e que tem por função, ainda de acordo com Saint-Onge, ativar e
guiar o processo de aprendizagem, o que deixa explícito que não existe ensino
onde não há aprendizagem.
O professor precisa saber que sua
principal função é orientar, pois os alunos por mais autônomos que sejam na
busca da informação, precisam de um bom tutor, para saberem onde podem
conseguir informações fidedignas de acordo com cada assunto estudado, além
disso, os professores ainda continuam sendo inspirações para muitos estudantes,
então, suas atitudes, seus exemplos dentro da sala de aula, serão determinantes
para a construção da relação professor-aluno, e isso também pode afetar o
processo de ensino-aprendizagem, pois quanto mais confiança o aluno tiver no
seu mestre, mais credibilidade este lhe passará, dessa forma, se o professor
mostrar que está atualizado, está a par dos acontecimentos sociais dessa nova
geração, e que se importa e entende esse novo perfil de aluno, certamente, o
estudante sentirá mais confiança para realizar suas pesquisas dentro ou fora da
escola, de acordo com as orientações de seu tutor.
Uma boa relação, de confiança e
de afeto entre o professor e o aluno pode facilitar muito o processo de
ensino-aprendizagem, tornando a aprendizagem mais significativa e prazerosa
para o estudante, e, assim, facilitando e deixando mais gratificante o ensino
do professor.
Diante dessas argumentações,
concluímos que uma construção conjunta do conhecimento se dá a partir do
momento, que professor e aluno estiverem no mesmo patamar, falando a mesma
língua, por isso, enfatizamos que essa troca só existe se o professor estiver
em constante atualização, pois com o passar dos anos, os alunos também
evoluíram, estão mais exigentes, sendo assim, o professor não pode ficar
estagnado, sem acompanhar as mudanças da escola, do ensino, do mundo como um
todo. Evoluir tecnologicamente e saber lidar com os novos estudantes é
fundamental para garantir a troca do conhecimento no dia a dia docente.
Escrita por Angely Biffi
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